A agonia da Amazônia: secas, incompetência e o descaso com o Brasil Profundo

Seca no Cerrado, seca na Amazônia

O Brasil assiste, mais uma vez, ao trágico espetáculo da natureza sucumbindo diante da incompetência estatal e da negligência ambiental. A falta de chuvas no Cerrado, que deveria ser tratada com a seriedade devida, reverbera na Amazônia, ameaçando a sobrevivência de comunidades inteiras e colocando em xeque um bioma vital para o planeta.

El Niño, o vilão do momento

O tal fenômeno climático, sempre apontado como bode expiatório para as mazelas naturais, ataca novamente. A seca provocada por um El Niño forte no ano passado fez com que rios secassem, isolando comunidades e interrompendo o transporte de cargas. Este ano, o cenário não promete ser melhor, com vinte municípios do Amazonas já em situação de emergência.

Margens do Amazonas em crise

Enquanto o ano passado trouxe uma seca generalizada, este ano o desastre parece concentrado nos rios da margem direita do Amazonas, cujas nascentes estão na região central do Brasil. A diretora do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Alice Castilho, confirma que os rios Madeira, Tapajós e Xingu apresentam níveis perigosamente baixos. A origem? Rondônia e Mato Grosso, ambos castigados pela seca.

Seca em Mato Grosso e colheita minguada

O maior produtor de grãos do país enfrenta uma queda significativa na produção, com perdas estimadas em 2 milhões de toneladas de grãos, segundo a Conab. Tudo está interligado, e as mesmas forças que secam o Pantanal, também colocam em risco a bacia amazônica.

Previsões sombrias

Com o período seco previsto para continuar até setembro, as perspectivas são preocupantes. Bruno Ferreira, do Imazon, destaca que as chuvas, já atrasadas este ano, são insuficientes para reverter o quadro. O La Niña, que poderia trazer alívio, surge como uma miragem fraca no horizonte, sem força para causar o impacto necessário.

Comunidades ribeirinhas em agonia

As verdadeiras vítimas desse cenário são as comunidades ribeirinhas, como alerta Ferreira. O impacto é devastador para aqueles que menos contribuem para as mudanças climáticas. Adrimar Vidal, um ribeirinho afetado pela seca, já prevê uma queda de 25% na produção de frutos da floresta, fruto de uma política ambiental que falha em proteger os mais vulneráveis.

Conclusão amarga

A seca na Amazônia não é apenas um fenômeno climático; é o reflexo de uma falência administrativa e ambiental. Enquanto o mundo assiste, comunidades inteiras lutam para sobreviver num cenário que deveria envergonhar qualquer nação que se diga civilizada.

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